Proteção em um planejamento financeiro
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Encontrar fontes e profissionais preparados para auxiliar nos investimentos é algo cada vez mais comum. O que acaba sendo deixado de lado é o fato de que os investimentos se tornam uma excelente fonte de renda passiva a partir do momento em que todo o capital investido gera uma renda equivalente ao que alguém precisaria trabalhar para tê-la.
Falar sobre proteção é importante até que você alcance a tão sonhada liberdade financeira. Assim como falamos no Artigo sobre Offshore, proteção envolve inúmeros pontos.
Ter uma parte do seu patrimônio, diversificado internacionalmente, buscando grandes gestores de casas como, BlackRock, JP Morgan, PIMCO, Goldman Sachs, entre outras, traz uma segurança maior quando o assunto é gestão de investimentos. Mas precisamos dar um passo para trás, e avaliar a proteção num nível mais interno do seu Planejamento: Proteção de Renda.
Por exemplo, imagine que você ganha R$ 20.000,00 mensais exercendo sua profissão. Considere agora uma carteira de investimentos, bem diversificada, que oferece em torno de 0.5% ao mês acima da inflação (não necessariamente todos os meses, mas na média). Nesse cenário, para viver de renda passiva por período indeterminado, é necessário ter em investimentos cerca de R$ 4.000.000,00. A pergunta mais importante neste momento é: Como vou conquistar meu patrimônio e conseguir viver de renda se atualmente preciso usar minha força de trabalho e corro o risco de algo acontecer até lá?
É preciso entender que enquanto esse valor não é atingido, não existe real segurança financeira. Imprevistos acontecem, alguns maiores e outros menores, e a verdade é que nós nunca sabemos o que de fato vai acontecer conosco nos próximos meses ou anos. Imprevistos menores, como um problema no celular ou até mesmo um período com menos plantões, podem ser resolvidos com uma boa reserva de emergência.
Naturalmente pensamos na situação organizada, mas negligenciamos nosso trajeto até lá. Nos últimos dois anos estamos sofrendo com a pandemia do Covid-19 e, quantos amigos e/ou familiares ficaram 20-30 dias, ou mais, sem trabalhar? Quando somos registrados pelo regime CLT, um afastamento prolongado pode suprir nossa renda, em partes ou completa, mas e quando trabalhamos por conta? Um Planejamento Financeiro bem estruturado ainda considera acidentes ou problemas de saúde, afinal não vivemos em cenários perfeitos. Já considerou algo que lhe impossibilite de exercer sua profissão permanentemente?
Nesse cenário, entendemos a importância de produtos como planos de saúde, seguros de vida ou acidentes, cada um com suas funções dentro de um planejamento. O plano de saúde nos traz também conforto, além da proteção, o que faz com que mais pessoas contratem este produto. No entanto, seguros de vida ou invalidez são constantemente negligenciados na nossa cultura por serem produtos que apenas sentimos “saindo” do nosso orçamento, muitas vezes por não por não termos um retorno imediato e por ninguém querer utilizá-los. É comum ouvir algo como “credo, vira essa boca pra lá, não vamos falar sobre isso” quando falamos sobre esses assuntos numa roda de conversa com familiares ou amigos.
Estas opções são altamente comercializadas na Europa e nos Estados Unidos, que possuem um grau mais elevado de Educação Financeira quando comparados ao Brasil, sofrendo preconceito para inserir essas soluções no planejamento financeiro. Boa parte desse preconceito é cultural, e resultado de décadas de abordagem agressiva vinda de Corretores de Seguros e pouco consultiva e fiduciária por parte de, mas que está cada vez mais sendo modificado devido à disseminação da Educação Financeira. Melhor do que só ganhar dinheiro é se proteger para que ele nunca seja malgasto. Um seguro de acidentes é fundamental no período de acumulação do montante que nos trará a sua renda passiva e um seguro de vida é essencial para quem é a principal fonte de renda do núcleo familiar.
Segundo a Allianz, os maiores mercados de Seguro de Vida são: Estados Unidos (cerca de 1,125 trilhões de euros em prêmios), Japão (cerca de 399 bilhões de euros em prêmios) e China (cerca de 365 bilhões de euros em prêmios). O Brasil encontra-se nesse ranking na 15ª posição, com cerca de 47 bilhões de euros no levantamento dos últimos anos. Por mais que a cada ano este número aumente, ele ainda é totalmente inexpressivo em comparação aos demais países citados.
É importante pensar que o Seguro de vida ou acidentes é a garantia de que tudo dará certo independentemente de fatores alheios as nossas vontades – que muitas vezes não dependem de nós. As principais coberturas desses seguros são coberturas de morte, natural ou acidental, invalidez por acidente ou por doença, doenças graves (pagas em casos de diagnóstico de câncer por exemplo), assistência funeral e diária por incapacidade temporária (DIT). Esta última é essencial para empresários, autônomos e profissionais liberais que não possuam reserva completa e que em caso de afastamento do seu trabalho não consigam arcar com seus gastos.
Ao avaliar e contratar um seguro, deve-se analisar as proteções necessárias e suas respectivas coberturas, além da modalidade de seguro que mais se adequa a sua situação. Atualmente já existem seguros de vida que travam o seu risco no momento da contratação e que garantem a cobertura por período predefinido, o que elimina a preocupação de o seguro ser cancelado quando você mais precisa. Além disso, alguns seguros permitem o resgate de parcelas ou até mesmo o valor total do investimento feito ao longo dos anos de volta. Por mais que as vezes, mas não sempre, o resgate não compense financeiramente quando comparado a um seguro sem resgate com uma estratégia de investimento conjunta, eliminar a sensação de perda do seguro pode tornar o seguro muito mais atrativo.
É importante ressaltar que, aqui, estamos falando de seguros apenas como veículos de proteção. Além destas informações, este produto possui benefícios como isenção de imposto de renda e imposto de transmissão (ITCMD) no recebimento da cobertura, por não ser considerado herança. Esta última característica faz com que um seguro de vida não entre em inventário e seja uma excelente ferramenta para o seu planejamento sucessório.
Contratar um seguro de vida certo não é tão simples como parece e requer uma análise de todas as coberturas que você precisa, além das melhores seguradoras para o seu caso. Cada seguradora possui suas particularidades e precificações na estruturação do seguro e é importante buscar auxílio de um Planejador Financeiro pessoal, para que você tenha certeza de que possui um produto com o melhor custo-benefício para a sua situação.
Lembre-se de questionar:
– Porque devo contratar (seguro de carro, vida, celular, viagem..)
– Como devo contratar?
– O que exatamente eu preciso?
Insight 1
Nosso primeiro Insight Capital é considerar que, se você pretende ter filho num futuro próximo, pode fazer sentido contratar um seguro de vida desde já. Alguns seguros levam em conta a sua idade e risco no momento da contratação, o que faz com que ele fique mais barato caso seja contratado antecipadamente. Além disso, não sabemos como estará a nossa saúde no futuro e isso pode impactar na aceitação dele quando mais precisarmos.
Essa mesma linha de raciocínio serve na antecipação de um planejamento sucessório para quem pretende construir um bom patrimônio ao longo da vida.
Insight 2
Como segundo Insight Capital queremos explicar que seguros resgatáveis podem parecer muito atrativos, mas costumam ser menos interessantes do que contratar um seguro temporário sem resgate e fazer um plano de previdência privada em conjunto. Um exemplo prático: Um seguro temporário de 30 anos, sem resgate, de 100 reais por mês com uma previdência complementar de 200 reais tende a trazer um retorno maior no final do período do que um seguro resgatável de 300 reais.
No entanto, isso não é uma regra! Para pagamentos em prazos mais curtos o seguro resgatável pode ser uma opção mais interessante sim, principalmente quando envolver uma estratégia de sucessão. Estas são contas e comparativos que dificilmente um Corretor de Seguros vai fazer e explicar para você. Ao contrário, muitas vezes a estratégia é a dramatização de cenários horríveis como uma estratégia de venda emocional, e quando menos se percebe, já está assinando algo sem entender muito bem o porquê com o passar dos dias. Tenha um planejador financeiro de confiança que lhe acompanhe e oriente sobre todos os setores da sua vida financeira.
Insight 3
Seguros de vida com cobertura decrescente podem fazer muito sentido para pessoas que invistam um bom valor por mês, mas precisem de uma cobertura imediata. O terceiro Insight Capital é evidenciar que essa cobertura irá decrescer conforme o crescimento do patrimônio e irá garantir apenas a proteção necessária, custando menos ao longo do período, uma vez que seu patrimônio ficará mais robusto ao mesmo tempo.
Frederico M Kùmbs – CSO Chief Strategy Officer
Sergio K. Leão – Planejador Financeiro CFP® & Head de Investimentos
Rodrigo Ribeiro – COO Chief Operating Officer