Finanças em Casal 

Você tem sido um bom exemplo para as crianças a sua volta?  

A educação financeira é por definição, segundo a OCDE: o processo pelo qual consumidores/investidores financeiros aprimoram sua compreensão sobre produtos, conceitos e riscos financeiros e, por meio de informação, instrução e/ou aconselhamento objetivo, desenvolvem as habilidades e a confiança para se tornarem mais conscientes de riscos e oportunidades financeiras, a fazer escolhas informadas, a saber onde buscar ajuda, e a tomar outras medidas efetivas para melhorar seu bem estar financeiro.  

Desde 2010 o Brasil adota a Estratégia Nacional de Educação Financeira através do Decreto Federal 7.397/2010 atualizado pelo Decreto nº 10393/2020 e a partir de 2018, a Educação Financeira entrou, enfim, na Base Nacional Comum Curricular como disciplina transversal.  

O que me leva a questionar: será que os professores estão preparados para ensinar Educação Financeira aos alunos?  

E mais, como seria frustrante para a criança aprender sobre finanças na escola, mas em casa não ver bons exemplos financeiros sendo praticados pela família, não é mesmo?  

Porém, e se a criança tiver atividades de educação financeira na escola e pais conscientes da importância e incentivadores do bom uso do dinheiro, não seria incrível?  

Bom, para fazer isso acontecer, a gente precisa pensar em fortalecer a base da família.  

Pois:  “Casal forte, confiante, entrosado, geram filhos fortes, confiantes, mais aptos para desafios.”  

Dessa forma, apresento aqui algumas dicas de como ensinar seus filhos – e por que não, a nós mesmos? – sobre Educação Financeira. Vamos lá:  

1 – Porquinho – o guardião dos sonhos.  

Chega o dia em que os pais presenteiam um cofrinho (na forma de porquinho muitas vezes) e ensinam a criança a juntar moedinhas e notas. Em geral, é a primeira lição sobre dinheiro que recebemos. Vemos a importância da espera e de valorizar cada centavo.  

Até aqui, tudo certo!  

Porém, na hora de trocar dinheiro guardado por um sorvete ou um brinquedo, não quebre o porquinho. Essa não é uma boa opção e pode ser uma experiência ruim para a criança. Já que elas se apegam aos brinquedos, cuidam com carinho, dão nomes e até dormem juntos.  

Ao invés disso, prefira cofrinhos sustentáveis, como uma forma de ter acesso às moedas e notas e assim usar o cofrinho várias vezes.  

Nesse momento, talvez você se pergunte: Mas, e se alguém violar o porquinho?  

Calma, tem solução:  

Nosso cérebro é bastante visual e podemos usá-lo ao nosso favor.  

Que tal colar um papel ou adesivo na lateral do cofrinho com a imagem do objetivo da criança. Pode ser um brinquedo, um sorvete ou um evento como um passeio no parque. Dessa forma, você estimula a criança a poupar e a visualizar o que ela poderá conquistar com essa dedicação.  

Ao colar, certifique-se que ficará à prova de violações da criança e dos adultos.    

2 – Três cofrinhos ao mesmo tempo  

Vejo muitos pais dando um único cofrinho para seus filhos e isso gera na criança o dilema: “se eu gastar com isso, não terei dinheiro para aquilo outro”.  

Isso gera um sentimento de escassez, muito comum na sociedade, mas que não precisa ser assim.  

Tem solução? Sim, claro!  

Que tal 3 cofrinhos ao mesmo tempo?  

Funciona assim:  

1º Cofrinho: objetivo de curto prazo  

Será o menor cofrinho dos três. A criança poderá trocar rapidamente as moedinhas por algo de curto prazo, como um doce ou um pequeno brinquedo. Cerca de 1 mês de economia;  

2º Cofrinho: objetivo de médio prazo  

Será de tamanho médio. Aqui é para objetivos mais relevantes para a criança, como um brinquedo maior ou uma atividade específica. Cerca de 3 a 6 meses de economia;  

3º Cofrinho: objetivo de longo prazo  

Será de grande realização para a criança, algo que ela quer ganhar de Natal ou de aniversário. E sim, ela irá contribuir para sua própria realização. Entre 8 meses e 1 ano de economia.

Perceba que a combinação de 3 cofrinhos gerará na criança o sentimento de abundância, e não de escassez. Ela será coparticipante dessas realizações e aprenderá a importância de poupar dinheiro para atingir seus objetivos.
  

Olha que interessante: em 1 ano, a criança será capaz de realizar:  

• 1 objetivo de longo prazo;  
• 2 objetivos de médio prazo, pelo menos; e mais   
• 12 de curto prazo.

São cerca de 15 objetivos todos os anos!!!  

Detalhe: quando cuido dos investimentos para adultos, sempre levo em consideração objetivos de curto, médio e longo prazo, fazendo a diversificação de ativos que tenham segurança, liquidez e rentabilidade adequada 😉  

3 – Criança só lida com dinheiro, e não com crédito  

As crianças não deveriam lidar com dinheiro emprestado, já que criança não deve dinheiro a ninguém.  

Então, evite ‘antecipar a mesada’, ou induzir que ela terá que ‘trabalhar’ em casa, como arrumar o quarto, para receber mais. A criança já contribui para a família simplesmente por existir, além de estudar e brincar, e o dinheiro deve ser utilizado como um instrumento para promover o crescimento e a evolução de todos juntos. 

  
4 – Deixe a criança sonhar  

Não cabe a nós adultos tolher os desejos puros das crianças. É importante lembrar que as crianças têm seus próprios desejos e objetivos. Mesmo que ela deseje algo difícil de alcançar, permita que ela tire suas próprias conclusões. Esteja ao lado, dê apoio, incentive-a a seguir em frente. Compreenda o que ela quer de verdade.   

Importante: os objetivos devem estar no positivo!   

Desejar o que não quer, não funciona!  

Vou fazer um teste com você: Não pense num elefante.   

O que pensou?  

Em minhas consultorias ainda ouço adultos desejando o que não quer, sem definir positivamente o que querem.  

Nosso cérebro precisa que nossa linguagem seja positiva. Isso irá fluir melhor sua comunicação e ser melhor compreendido.  

Como esse texto é para você que está em casal, te convido a prestar atenção se você ou seu parceiro(a) não está seguindo essas dicas apresentadas. Está tudo bem em ter um novo e melhor comportamento financeiro. Utilize essas dicas para sua própria evolução.  

Sempre podemos crescer e evoluir!